terça-feira, 22 de junho de 2010

Investigação-acção em contexto educativo


São várias as definições de investigação-acção, das quais destaco as referidas por Afonso (2005) no seu livro “Investigação Naturalista em Educação: Um guia prático e crítico”.
“Trata-se do estudo de uma situação social com o objectivo de melhorar a qualidade da acção desenvolvida no seu interior.” (Elliott, 1991, citado por Afonso, 2005).
“É um processo através do qual os “práticos” procuram estudar os seus problemas cientificamente, com o objectivo de orientar, corrigir e avaliar as suas decisões e acções” (Corey, 1953, citado por Afonso, 2005).
“A investigação-acção destina-se a ajudar professores e grupos de professores a enfrentarem os desafios e problemas das suas práticas, e a concretizarem inovações de uma forma reflexiva.” (Altrichter et al, 1993, citado por Afonso, 2005).
“A investigação-acção pressupõe um questionamento auto-reflexivo, auto-crítico e crítico, levado a cabo por profissionais para melhorarem a racionalidade e a justiça das suas práticas, a sua compreensão sobre elas e sobre o contexto mais amplo em que se inserem.” (Carr e Kemmis, 1986, citado por Afonso, 2005).
Ao analisar as várias definições verifica-se que estas têm alguns elementos em comum. Um sujeito, no seu dia-a-dia, depara-se com um problema que tenta resolver. Assim, recolhe todas as informações que encontra disponíveis de forma a chegar a uma conclusão e solucionar o problema. Todo este processo irá conduzir à mudança, assumindo o investigador, um papel activo em todo o processo, isto é, um torna-se num agente de mudança (Bogdan & Biklen: 1994).
Ao nível da educação, os docentes estão atentos a um conjunto de problemas que surgem em contexto educativo, no âmbito das suas práticas. Mas será que estes levam a cabo, com alguma frequência, um conjunto de procedimentos conducentes a uma situação de investigação-acção? Verifico, com alguma frequência, alguma relutância sempre que se pressupõe uma mudança. Os docentes estão mais disponíveis para a partilha e para a prática reflexiva o que é um ponto de partida para ir ao encontro, de situações de investigação-acção. Pelo que, Calhoun (1994, citado por Afonso, 2005), apresenta seis pré-requisitos organizacionais para fazer investigação-acção numa escola:
1. A maior parte do corpo docente deseja mudar a situação;
2. Existe um consenso público sobre o modo como as decisões colectivas serão tomadas e levadas à prática;
3. Está constituída uma equipa facilitadora que lidera o processo;
4. Podem construir-se pequenos grupos que devem reunir regularmente;
5. Está adquirido um conhecimento básico do ciclo da investigação-acção;
6. Está disponível uma estrutura, mesmo que muito ligeira, que assegure apoio e assistência técnica.

Afonso, Natércio (2005). Investigação Naturalista em Educação: Guia prático e crítico. Porto: Asa Editores, S.A.
Bogdan, R.; Biklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora.

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