terça-feira, 22 de junho de 2010

O papel do Investigador


Como referem Hadji & Baillé (2001), qualquer investigador dirige-se a uma comunidade. Assim, se considerarmos a Escola como uma comunidade a nível meso e micro, será que podemos considerar que o professor tem todas as condições para se tornar um investigador por excelência?
Este recorre aos seus conhecimentos teóricos para solucionar os múltiplos problemas com que se depara diariamente. Está atento ao que se passa à sua volta, identificando os sinais, de alerta, que poderão conduzir a um problema. O professor recorre a situações anteriormente vividas, estabelecendo comparações de forma a retirar conclusões que conduzam à resolução dos seus problemas. Logo, para que ocorra uma convergência entre teoria e prática é necessário que o professor se torne um investigador da sua prática e não esteja tão absorvido com tudo que lhe é exigido, nomeadamente ao nível doa alunos, cumprimentos de programas, avaliações, etc., que não consegue ver muito para além da sua rotina diária.
De forma a dar resposta a este desafio, a prática reflexiva evidencia-se, conduzindo à mudança e tornando o professor cada vez mais inquieto fase ao mundo que o rodeia, ocupando a observação uma posição de destaque, captando os comportamentos quando estes ocorrem. Segundo Afonso (2005: 91) a observação é uma técnica de recolha de dados útil e fidedigna, uma vez que a informação obtida não se encontra condicionada pelas opiniões e pontos de vista dos sujeitos, como acontece nos questionários e entrevistas.
A observação pode ser considerada como directa ou indirecta. A observação directa divide-se em observação não participante e observação participante.
Observação Não Participante

Este tipo de observação caracteriza-se pelo facto do observador não estar directamente envolvido na situação a observar, logo, não é considerado como um participante (Carmo & Ferreira: 2008). Neste tipo de observação os indivíduos não sabem que estão a ser alvos de observação, agindo com naturalidade, sem forçar determinadas situações, as quais podem colocar em causa o estudo.
A observação não participante é útil, uma vez que permite observar uma situação como ela é, sem existir interferências do observador, possibilitando um maior controlo das variáveis a observar.
Porém, este tipo de observação nem sempre é possível realizar, por um lado devido à dificuldade em ter o equipamento adequado, por outro lado não se adapta a todos os tipos de estudos.
Observação Participante

Na observação participante, o observador é uma das peças do puzzle, sem a qual este não ficaria concluído. Uma vez que o observador é parte integrante do processo está mais desperto para recolher um conjunto de elementos, por vezes considerados do domínio privado, que conduzem a determinados comportamentos, os quais lhe irão ser úteis posteriormente.
Contudo, quando a observação é participante torna-se por vezes difícil analisar e tirar conclusões dos elementos recolhidos uma vez que o investigador esteve envolvido no processo, perdendo de certa forma a objectividade e a clareza tão necessária nestas situações. O grupo pode manifestar um sentimento de desconfiança, não colaborando com o observador. Por outro lado, os indivíduos como sabem que estão a ser observados podem perder a espontaneidade e alterar os seus comportamentos, colocando em causa as conclusões da investigação, conduzindo a resultados pouco fiáveis.

Carmo, Hermano e Ferreira, Manuela M. (2008). Metodologia da investigação – Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Hadji, Charles e Baillé, Jacques (2001). Investigação e Educação: Para uma “nova aliança” – 10 questões acerca da prova. Porto: Porto Editora.

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